Diageo vê aumento no consumo de bebida alcoólica em casa nos EUA

Dona da Smirnoff e do Johnnie Walker apurou alta de 2% nas vendas na América do Norte, mas avanço foi insuficiente para compensar retração em outros mercados
A Diageo, maior fabricante de bebidas destiladas do mundo, registrou uma forte queda nas vendas nos primeiros seis meses de 2020, impactadas pela pandemia da covid-19. Na América do Norte as vendas da fabricante do Johnnie Walker aumentaram, mas não foram capazes de compensar as perdas nos demais mercados.
A companhia, que também fabrica a vodka Smirnoff entre muitas outras marcas, registrou lucro líquido de 1,41 bilhão de libras no exercício terminado em 30 de junho, uma queda de 55% ante as 3,16 bilhões de libras esterlinas da metade do ano anterior. As vendas líquidas caíram 8,7% para 11,75 bilhões de libras.
A maior fabricante de bebidas do mundo realizou uma baixa contábil de 1,36 bilhão de libras (US$ 1,78 bilhão) devido ao que descreveu como condições desafiadoras de comércio na Índia, Nigéria e Etiópia.
As vendas líquidas orgânicas — que eliminam os impactos de moedas e fusões e aquisições — caíram 8,4%, abaixo das estimativas dos analistas de uma queda de 7,3%.
Na América do Norte, seu maior e mais rentável mercado, a Diageo registrou um crescimento orgânico de 2% nas vendas líquidas, uma vez que as fortes vendas de supermercados mitigaram o impacto do fechamento de bares. Os americanos tendem a beber mais álcool em casa do que em bares ou restaurantes, em comparação com os consumidores de outras regiões, o que ajudou os fabricantes de bebidas a atravessar a pandemia.
A Diageo disse que isso, juntamente com uma preferência crescente por bebidas destiladas e marcas de luxo como a tequila Don Julio, ajudaram seu desempenho nos EUA.
A diretora financeira, Kathryn Mikells, descreveu o consumidor dos EUA como “bastante resistente” e disse que os aumentos de preços foram responsáveis pelo crescimento da Diageo no país.
A Diageo disse também que o aumento da atividade de cozinhar em casa ajudou a aumentar as vendas dos licores Baileys. A empresa disse que aumentou o marketing de mídia social do licor de creme irlandês como ingrediente de panificação.
Na Índia, o segundo maior mercado da Diageo, as vendas caíram 17% em uma base orgânica, pois a desaceleração econômica no primeiro semestre do ano foi agravada por um bloqueio nacional de 42 dias por coronavírus durante o qual as vendas de álcool foram proibidas.
A Diageo disse que as vendas orgânicas de uísque — sua maior categoria, chegando a quase um quarto das vendas — caíram 17%, atingidas pela pandemia, mas também porque as novas linhas foram menos bem recebidas do que no ano anterior. As vendas de uísque e tequila canadenses cresceram.
Brasil
Nos mercados sulamericanos, a Diageo destacou que o uísque escocês teve uma queda de 21%, com o crescimento de Buchanan na Colômbia e no Brasil, e o White Horse no Brasil, foram compensados pelos declínios em Johnnie Walker na região. As vendas de gim cresceram dois dígitos impulsionadas principalmente pela Tanqueray no Brasil. No que chamam de PUB (Paraguai, Uruguai e Brasil), as vendas líquidas caíram 7%, puxadas pelos uísques que cederam 11% em todo o mercado. O Brasil reduziu as compras em 5%.
As vendas orgânicas caíram 15% na América Latina e no Caribe, 13% na África e 12% na Europa e Turquia.
A empresa declarou um dividendo final de 2019 de 0,4247 libra por ação, e elevou o dividendo de 2020 em 2%, para 0,698 libra por ação.
As ações da Diageo fecharam em queda de 5,5% na bolsa de Londres, negociadas a 27,21 libras.
Fonte: Valor Econômico 04.08.2020

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