Demanda por chá desaponta e Unilever pode vender unidade

Companhia não foi bem-sucedida ao tentar estimular o negócio.
A maior fabricante de chás do mundo avalia se desfazer dessa área de negócios. A Unilever explora opções para vender seu negócio de chás após anos de crescimento lento das vendas, um reflexo de como a mudança nos gosto dos consumidores está afetando algumas das marcas de alimentos e bebidas mais conhecidas do mundo.
A dona de marcas como Lipton, Brooke Bond e PG Tips tem se esforçado para impulsionar o crescimento do chá preto, que compõe a maior parte do seu portfólio. A empresa diz que o consumo caiu em mercados desenvolvidos como Estados Unidos e Europa, à medida que consumidores buscam cada vez mais outras bebidas. Quando tomam chá, preferem cada vez mais de ervas ou com infusão de frutas.
“É loucura continuar fazendo a mesma coisa esperando resultados diferentes”, disse o presidente-executivo da Unilever, Alan Jope. “Há dez anos, tentamos estimular o crescimento do nosso negócio de chás sem sucesso”.
A empresa avalia fazer a venda total do negócio, venda de parte do negócio ou outra estrutura diferente. O negócio de chás gera vendas anuais de cerca de € 3 bilhões (US$ 3,3 bilhões).
Os executivos da Unilever disseram que o negócio de chás tem um tamanho semelhante e alcance comparável à divisão de margarinas, vendida por US$ 8 bilhões em 2018. A empresa espera que o negócio de chá atraia o interesse de outros fabricantes de chá que buscam cortar custos.
A notícia foi anunciada no momento em que a Unilever registrou crescimento anêmico de vendas no quarto trimestre e disse que avalia todo o portfólio. O crescimento das vendas no quarto trimestre foi de 1,5%.
A Unilever tentou revitalizar a área de chás, comprando a Pukka Herbs, fabricante britânica, e a Tazo Tea da Starbucks. Também comprou a empresa de chá australiano premium T2, que vende folhas soltas e sabores. Apesar desses esforços, a grande participação do chá preto no negócio pesou nos resultados.
De acordo com dados da Euromonitor International, a Unilever lidera o mercado global de chás, com uma participação de mercado de 10,4% em receita de vendas. Atrás dela estão a multinacional com sede na Índia Tata Global Beverages, com 2,3% de participação, a britânica Associated British Foods, dona dos chás Twinings, com 2,3%, e a russa Greenfield Tea, com 1,7%.
No Brasil, a Coca-Cola lidera o mercado de chás com a marca Leão. A empresa detém participação de 23,2%, seguida pela Maratá, com 17,1%, a Oetker, com 11,1% e a Herbalife, com 11,1%.
Na categoria de chás, a Unilever opera no Brasil apenas com a marca Lipton, de chá pronto, sendo que a produção e a distribuição dessa marca no país é feita pela Ambev. A empresa não divulga dados de vendas da marca no país. (Colaborou Cibelle Bouças, do Valor, em São Paulo)
Fonte: Valor Econômico 31.01.2020


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