Heineken deve superar rivais no trimestre

Cervejaria tem queda de “um dígito médio” em vendas no Brasil no primeiro trimestre.
A Heineken, segunda maior cervejaria no país atrás da Ambev, reportou no primeiro trimestre queda de “um dígito médio” (entre 5% e 7%) nas vendas de cerveja no Brasil, em comparação com março de 2019. Para analistas, esse desempenho deve ser o melhor entre as grandes cervejarias no trimestre.
A Heineken reportou crescimento de dois dígitos nas vendas de cervejas premium, sendo que as vendas da Heineken aumentaram mais de 50% no trimestre. As marcas de baixo preço, como Glacial, No Grau e Kaiser, tiveram queda na faixa de 24% a 26%. Só em março, as vendas totais de cerveja caíram entre 24% e 26%.
A Ambev divulga seus resultados no dia 7 de maio. Mas a Confederação Nacional das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição (Confenar) relatou queda de 80% na demanda em março. A entidade representa 104 revendas, que atendem 40% dos estabelecimentos onde se vende Ambev no país.
O Grupo Petrópolis, dono da Itaipava, colocou em férias coletivas 10 mil dos seus 28 mil funcionários no fim de março, para adequar a produção à queda na demanda – sinalizando uma redução nas vendas da ordem de 33%.
Para os analistas do BTG Pactual, Thiago Duarte e Henrique Brustolin, a Ambev deve ser mais afetada pela pandemia da covid-19, porque é mais dependente das vendas em bares e restaurantes. Na maioria dos Estados, bares e restaurantes estão fechados devido à quarentena iniciada em março. O BTG também considera que a Ambev deve ter mais perdas porque vende mais cervejas de preços populares do que a Heineken e essa categoria tem queda mais intensa.
Leandro Fontanesi, analista do Bradesco BBI, destacou em relatório recente que 62% das vendas da Ambev são em bares e restaurantes, acima da média nacional. No Brasil, a cerveja é a bebida preferida por 58% dos consumidores para beber em bares. Em casa, a preferência por cerveja cai para 19%.
“Portanto, em tese, assumindo que consumo fora de casa caia 50% com uma quarentena longa, a demanda total por cerveja no Brasil cairia 21% no ano, enquanto a demanda por bebidas não alcoólicas poderia crescer 11%”, calcula Fontanesi. De acordo com o analista, a queda de vendas da Ambev seria nesse mesmo patamar.
Globalmente, a Heineken reportou queda de 68,56% no lucro líquido, para € 94 milhões. No mundo, as vendas encolheram 2,1% em volume, sendo que em março, a queda chegou a 14%.
Fonte: Valor Econômico 23.04.2020

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