Refeições dentro de casa voltam a ganhar espaço entre classes sociais e gerações, com a Geração Z e as classes A e B liderando mudanças no comportamento alimentar. Estudo da Kantar aponta as tendências que devem orientar marcas e varejo.

As novas tendências de consumo no Brasil, especialmente na categoria de alimentos, revelam uma transformação significativa nos hábitos das famílias e indivíduos em 2025. Dados do painel contínuo de consumo Usage Foods mostram que, no primeiro trimestre deste ano, as refeições dentro do lar voltaram a ganhar protagonismo, impulsionando mudanças de comportamento entre classes sociais e gerações.

A análise aponta que cinco movimentos principais moldaram o cenário de consumo ao longo de 2024, pavimentando o caminho para a reconfiguração observada no início de 2025:

Retorno à rotina e valorização da convivência

O retorno ao trabalho presencial e à vida social fora de casa levou os consumidores a buscarem conveniência aliada a experiências prazerosas. A alimentação passou a integrar momentos de conexão e sociabilidade, influenciando decisões de compra.

Alimentação saudável e desafio ESG

A demanda por opções mais saudáveis se intensificou, embora com foco mais restritivo. Paralelamente, marcas enfrentaram pressões crescentes para traduzir os compromissos ESG em ações tangíveis no ponto de venda, sem perder competitividade.

Omnicanalidade e experiência integrada

A consolidação do comportamento omnichannel foi evidente. Consumidores passaram a transitar entre canais físicos e digitais com maior naturalidade, exigindo experiências unificadas e fluídas em toda a jornada de compra.

Inversão de tendência em 2025: o lar no centro do consumo

No primeiro trimestre de 2025, os dados apontam uma inflexão importante: o consumo fora do lar caiu 1,9% em comparação com o mesmo período de 2024, enquanto as refeições em casa cresceram 5,5%. Esse movimento é liderado pelas classes A e B, que têm investido mais no preparo e no compartilhamento das refeições principais.

Produtos como legumes, frutas, frango, ovos, requeijão, refrigerantes e pratos prontos ganharam espaço na mesa do consumidor, refletindo uma busca combinada por praticidade e saudabilidade.

Geração Z redefine momentos de consumo

A Geração Z também tem impactado fortemente os hábitos alimentares. O consumo dentro do lar entre jovens de 15 a 30 anos cresceu 7,1% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao ano anterior, com destaque para os lanches. Essa geração valoriza a conveniência, mas também busca equilíbrio e propósito nas escolhas alimentares.

Diferenças marcantes entre classes sociais

Enquanto as classes A e B ampliam o consumo de itens básicos como arroz, feijão e carnes, as classes D e E apresentam uma composição alimentar mais seletiva, com substituições em alimentos ricos em gordura, como queijos e ovos, além de redução no consumo de refrigerantes.

Esse comportamento reflete tanto a queda no preço de commodities alimentares quanto o redirecionamento do orçamento familiar para outras categorias de produtos essenciais.

Saudabilidade, preparo consciente e menor consumo de álcool

A alimentação saudável está se tornando mais associada à moderação e à praticidade. Cresce o uso de métodos de preparo considerados mais saudáveis, como grelhados, forno e fritadeiras elétricas. O consumo de bebidas alcoólicas dentro de casa continua em declínio, uma tendência presente não apenas entre jovens, mas também entre adultos e idosos.

O que as marcas devem observar

Essas mudanças representam oportunidades estratégicas para empresas que buscam se posicionar de forma relevante diante de um consumidor mais consciente, exigente e dinâmico. Compreender os novos padrões de consumo exige:

• Monitoramento contínuo de dados comportamentais

• Agilidade na adaptação de portfólio e canais

• Comunicação conectada com valores e realidades de diferentes perfis

• Para as marcas, antecipar essas mudanças e responder com soluções integradas será decisivo para manter a relevância em um mercado em constante transformação.