Os antioxidantes na extensão do shelf life: garantindo segurança e frescor prolongados

Embora a função básica dos antioxidantes de prevenir a oxidação seja amplamente conhecida, o uso desses compostos vem oferecendo abordagens cada vez mais sofisticadas e alinhadas com as tendências de mercado.
Por Márcia Fani
Em um mercado global cada vez mais atento à qualidade dos produtos, a capacidade de prolongar o shelf life de alimentos e bebidas, sem comprometer a sua qualidade, é uma tarefa que os antioxidantes desempenham com eficácia, ao evitar a oxidação e, ao mesmo tempo, atender à crescente demanda por produtos mais naturais e com rótulos limpos.
O conceito de shelf life (vida útil) é uma das métricas mais importantes para a indústria de alimentos e bebidas, pois determina o tempo durante o qual um produto mantém as suas qualidades, como sabor, textura, valor nutricional e segurança alimentar, sob condições adequadas de armazenamento, ou seja, é o prazo em que o produto continua a ser consumido de forma segura e sem comprometer as suas propriedades desejáveis.
O prazo de validade é determinado por uma combinação de fatores físicos, químicos e microbiológicos que podem afetar a estabilidade e segurança, incluindo atividade da água, oxidação, presença de microrganismos (bactérias, fungos e leveduras), exposição a temperaturas inadequadas e embalagem.
A oxidação é uma das principais causas da deterioração de alimentos, afetando não apenas a segurança, mas também a sua qualidade, sabor, cor e valor nutricional. Esse processo químico ocorre quando os alimentos entram em contato com o oxigênio, gerando radicais livres que desencadeiam uma reação em série, resultando na degradação de lipídios, proteínas e outros componentes sensíveis. O impacto é direto e visível no apelo sensorial de alimentos e bebidas.
Um dos efeitos mais perceptíveis é a rancificação de óleos e gorduras, que ocorre quando os lipídios reagem com o oxigênio, formando peróxidos lipídicos. Esses compostos podem se decompor em substâncias voláteis de sabor desagradável, prejudicando a palatabilidade, o que é particularmente crítico em produtos como óleos vegetais, margarinas, snacks e alimentos fritos, onde o sabor e o aroma alterados são indicativos claros de que a oxidação já começou.
A cor também é um dos aspectos mais afetados. A oxidação pode gerar pigmentos não desejados e escurecer os alimentos. A perda de coloração é especialmente visível em produtos frescos e desidratados, como maçãs, batatas e carne, tornando-os visualmente menos atraentes para consumo; em alimentos processados, a alteração da cor pode afetar negativamente a percepção de frescor e qualidade.
Quando se trata do valor nutricional, a oxidação também não poupa os nutrientes essenciais; as vitaminas lipossolúveis são particularmente vulneráveis à degradação oxidativa. Em alimentos que dependem dessas vitaminas para o seu apelo nutricional, como óleos, grãos e produtos lácteos, a oxidação pode reduzir significativamente o valor nutricional, tornando-os menos benéficos para a saúde. A perda de ácidos graxos essenciais, como os ômega-3, também ocorre quando as gorduras insaturadas sofrem oxidação.
Para retardar essas reações, os antioxidantes são ingredientes-chave para a preservação das características sensoriais e nutricionais, além de otimizarem a formulação.
Sintéticos ou naturais?
Historicamente, os antioxidantes sintéticos têm sido amplamente utilizados para prolongar a vida útil de óleos, gorduras, snacks e outros produtos processados, sendo eficazes na prevenção da oxidação, especialmente em produtos ricos em lipídios, que são mais suscetíveis a rancificação.
Embora altamente eficientes e com custo-benefício atrativo, a preocupação com a saúde e possíveis efeitos adversos associados ao seu consumo excessivo motivou a busca por alternativas, tornando os antioxidantes naturais, derivados de fontes vegetais e outras fontes orgânicas, a opção preferida, especialmente devido à crescente demanda por produtos clean label. Entre os que ganharam destaque na indústria alimentícia, estão polifenóis naturais, carotenoides, tocoferóis, ácido ascórbico e derivados, compostos sulfurosos, ervas e especiarias, e antocianinas.
A escolha entre antioxidantes naturais ou sintéticos tem se tornado uma decisão importante para os profissionais da indústria de alimentos e bebidas, especialmente considerando as tendências de mercado e as crescentes exigências dos consumidores por produtos mais naturais, sustentáveis e saudáveis. Ambos os tipos desempenham papéis essenciais na preservação da qualidade sensorial e nutricional dos produtos, mas possuem características distintas que podem influenciar a escolha de um sobre o outro, dependendo do tipo de produto e das necessidades específicas de preservação.
Cenário global
O mercado global de antioxidantes alimentícios segue uma trajetória de crescimento. De acordo com a Cognitive Market Research, esse mercado foi avaliado em US$ 1.758,2 milhões em 2024, com perspectiva de expansão a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 5,50% de 2024 a 2031.
A América do Norte liderou o mercado, representando mais de 40% da receita global, estimada em US$ 703,28 milhões em 2024, com previsão de expansão a uma CAGR de 3,7% entre 2024 e 2031. A Europa respondeu por mais de 30% do faturamento mundial, equivalente a US$ 524,96 milhões. A região da Ásia-Pacífico registrou aproximadamente 23% da receita total, com um valor de mercado de US$ 404,39 milhões em 2024 e expectativa de crescimento a uma CAGR de 7,5% no mesmo período. Já o Oriente Médio e a África representaram cerca de 2% do montante global, atingindo US$ 35,16 milhões, com projeção de avanço a uma CAGR de 5,2% até 2031.
A América Latina teve uma participação de mais de 5% da receita global, com um mercado avaliado em US$ 87,91 milhões em 2024, e crescimento estimado a uma CAGR de 4,9% de 2024 a 2031. Mais especificamente no Brasil, a receita de vendas foi avaliada em US$ 37,63 milhões em 2024, com projeção de crescimento a uma CAGR de 7,5% de 2024 a 2033.
Nesse mercado, segundo dados da Research and Market, os antioxidantes sintéticos cresceram de US$ 1,56 bilhão em 2023 para US$ 1,66 bilhão em 2024, e a estimativa é de que continuem crescendo a uma CAGR de 6,19%, atingindo US$ 2,38 bilhões até 2030.
Em franca expansão, o mercado global de antioxidantes naturais foi avaliado em US$ 4,84 bilhões em 2024, devendo crescer a uma CAGR de 5,87% nos próximos anos, chegando a US$ 7,64 bilhões até 2032, de acordo com um estudo da Fortune Business Insights. Os mais utilizados incluem tocoferóis (vitamina E), ácidos fenólicos, extratos de especiarias, flavonoides e carotenoides.
As projeções para os próximos anos indicam um fortalecimento contínuo da demanda por antioxidantes na preservação de alimentos, com expansão considerável em regiões emergentes, como América Latina e Ásia-Pacífico, impulsionada pela crescente preferência por alimentos saudáveis e funcionalmente enriquecidos, e pela busca por alternativas naturais aos conservantes sintéticos.
No Brasil, a tendência é semelhante, com pesquisas observando aumento da produção e consumo de alimentos processados com antioxidantes naturais, além da crescente aplicação em produtos como sucos, carnes e laticínios, como fatores que contribuem para o crescimento desse mercado.
Aplicações práticas em diferentes categorias
A presença de antioxidantes em alimentos vai além da simples incorporação de ingredientes, desempenhando papel essencial na prevenção da oxidação em diversas matrizes alimentícias. Algumas das principais aplicações práticas desses compostos incluem:
• Óleos e Gorduras: Particularmente suscetíveis à oxidação, devido ao seu alto teor de lipídios insaturados, que, quando expostos ao oxigênio, luz e calor, podem ser oxidados, formando radicais livres e peróxidos lipídicos, que não apenas afetam o sabor e aroma, mas também comprometem o valor nutricional do produto, com a degradação de ácidos graxos essenciais. Antioxidantes sintéticos, como o BHA, BHT e TBHQ, são frequentemente utilizados para prolongar a vida útil, inibindo a formação de radicais livres e retardando a oxidação. Antioxidantes naturais, como o extrato de alecrim e o óleo de vitamina E (tocoferol), também têm ganhado popularidade, oferecendo uma alternativa mais limpa e alinhada com a demanda por ingredientes naturais.
• Produtos de panificação: Pães, bolos e biscoitos, entre outros, contêm uma combinação de lipídios e proteínas que podem se deteriorar com a exposição ao oxigênio, levando à perda de frescor, desenvolvimento de sabores desagradáveis, perda de valor nutricional e formação de compostos indesejáveis. Os antioxidantes são comumente utilizados para preservar a textura, o sabor e a qualidade nutricional. O ácido ascórbico (vitamina C), além de ser um poderoso antioxidante, também contribui para o aumento da qualidade do pão e durabilidade dos produtos. Os extratos naturais de chá verde e alecrim também são aplicados como alternativas aos antioxidantes sintéticos, proporcionando efeito antioxidante sem comprometer a percepção sensorial de consumo.
• Frutas e vegetais: O escurecimento enzimático é um dos maiores desafios na preservação de frutas e vegetais frescos ou processados. Esse fenômeno ocorre quando as enzimas, como a polifenoloxidase (PPO), reagem com os compostos fenólicos presentes nos alimentos, produzindo pigmentos escuros indesejáveis que afetam a aparência dos produtos, influenciando negativamente a sua aceitação pelos consumidores. Antioxidantes como o ácido ascórbico e polifenóis são frequentemente utilizados para prevenir o escurecimento, inibindo a ação da polifenoloxidase, protegendo da oxidação e mantendo a cor vibrante e apelo visual.
• Carnes e produtos cárneos: A oxidação nesses produtos pode resultar na formação de compostos rançosos e off-flavors, além de reduzir a qualidade nutricional da proteína. A oxidação dos lipídios em carnes também pode levar à perda de vitamina E e outros nutrientes essenciais. A adição de antioxidantes em carnes processadas (como salsichas, presunto e bacon) é fundamental para preservar o frescor e evitar a rancificação. Compostos como o BHA, BHT e ácido ascórbico são amplamente utilizados para inibirem a lipoperoxidação, retardando a deterioração dos lipídios e preservando as propriedades sensoriais da carne.
• Produtos lácteos: Leite, queijo, iogurte e outros produtos lácteos contêm lipídios e vitaminas sensíveis a oxidação, especialmente as vitaminas A e D, que podem ser degradadas durante o armazenamento, comprometendo não somente as propriedades nutricionais, mas também alterando o sabor e aroma. Em leites e iogurtes, antioxidantes como o ácido ascórbico, tocoferol (vitamina E) e extrato de chá verde são usados para preservar a qualidade nutricional e evitar o desenvolvimento de sabores rançosos. Em queijos curados, o uso de antioxidantes também ajuda a manter o sabor e prolongar a vida útil, especialmente em condições de armazenamento prolongado.
• Bebidas: A oxidação também afeta o sabor e a qualidade de bebidas como suco de frutas, vinho e cerveja. Os antioxidantes são usados para preservar o sabor, a cor e os nutrientes, além de ajudarem a estender a vida útil. O uso de vitamina C, ácido ascórbico, polifenóis, como os encontrados no chá verde, e flavonoides derivados de frutas, ajudam a minimizar a oxidação, mantendo os compostos bioativos e o sabor das bebidas.
Garantindo durabilidade e qualidade
A oxidação é um processo inevitável que compromete a qualidade dos alimentos e bebidas, gerando produtos de sabor e odor indesejáveis, além de perdas nutricionais significativas. Os antioxidantes são moléculas capazes de prevenir ou retardar a oxidação de outras substâncias, atuando por meio de diversos mecanismos para interromper a reação em cadeia da oxidação. De modo geral, sua principal função é neutralizar os radicais livres ou reagir com os intermediários da oxidação para impedir a formação de compostos indesejáveis.
A oxidação começa quando um átomo ou molécula perde um elétron, gerando um radical livre, substância altamente reativa. Os radicais livres possuem elétrons desemparelhados em sua camada mais externa e tentam “roubar” elétrons de outras moléculas para alcançar estabilidade. Esse processo inicia uma reação em cadeia, onde cada novo radical livre gerado causa mais oxidação. Os antioxidantes funcionam principalmente doando elétrons para neutralizar esses radicais livres, o que estabiliza o radical, impedindo que interaja com outras moléculas, prevenindo, assim, a propagação da oxidação. As vitaminas C (ácido ascórbico) e E (tocoferol) são exemplos clássicos de antioxidantes que atuam por esse mecanismo.
Alguns antioxidantes também atuam impedindo a formação de radicais livres no início do processo oxidativo, o que é feito de várias formas, sendo uma das principais a inibição de reações de lipoperoxidação, especialmente em óleos e gorduras. A catalase e a superóxido dismutase (SOD) são exemplos de enzimas antioxidantes que atuam inibindo a formação de radicais livres, bloqueando as etapas iniciais da oxidação. No caso de óleos e gorduras, antioxidantes como o BHA e o BHT agem ao bloquear a formação de radicais livres durante a oxidação de lipídios, reduzindo o risco de rancificação e preservando o sabor e a qualidade do alimento.
Outro mecanismo de ação dos antioxidantes é sua atuação ligando-se a metais de transição, como ferro e cobre, impedindo que participem da reação de Fenton. O ferro e o cobre são capazes de catalisar reações que geram radicais livres altamente reativos, conhecidos como radicais hidroxila (OH·), que podem causar danos significativos às moléculas biológicas presentes nos alimentos. Antioxidantes como o ácido fítico e polifenóis possuem propriedades quelantes, ou seja, se ligam a esses metais, impedindo que participem das reações de oxidação. Esse mecanismo é particularmente relevante para produtos alimentícios ricos em ferro, como carnes e cereais, onde a presença desses metais pode acelerar a oxidação, se não for controlada.
Os antioxidantes também podem atuar interrompendo a reação em cadeia da oxidação. Ao invés de doarem um único elétron, podem capturar os intermediários da oxidação, como peróxidos lipídicos e radicais alcoxila, e transformá-los em compostos não reativos, quebrando a propagação da reação. O BHA e o BHT, por exemplo, são conhecidos por sua capacidade de interromper a cadeia de lipoperoxidação em óleos e gorduras, impedindo a formação de radicais livres que levariam à rancificação. Esses compostos têm a capacidade de capturar radicais alcoxila e peróxidos lipídicos, estabilizando-os e prevenindo a degradação dos lipídios.
Além dos mecanismos já citados, os antioxidantes podem atuar de outras formas na prevenção da oxidação em alimentos e bebidas. Um dos mecanismos adicionais é a regeneração de antioxidantes, processo no qual certos antioxidantes são capazes de restaurar a função de outros que já foram oxidados. Um exemplo clássico é a interação entre as vitaminas C e E: quando a vitamina E doa um elétron para neutralizar um radical livre, ela própria se torna um radical menos reativo, mas a vitamina C pode regenerá-la ao doar um elétron, permitindo que continue a sua função antioxidante. Esse processo prolonga a atividade antioxidante no sistema e reduz a necessidade de adição de novos antioxidantes.
Outro mecanismo relevante é a redução da pressão parcial de oxigênio, que diminui a disponibilidade de oxigênio na matriz do alimento, reduzindo a taxa de oxidação. Alguns antioxidantes, como o ácido ascórbico, conseguem reagir diretamente com o oxigênio dissolvido, formando compostos mais estáveis e impedindo que o oxigênio participe da oxidação de lipídios e outros componentes sensíveis. Esse mecanismo é particularmente útil em sistemas alimentícios onde a presença de oxigênio livre acelera a deterioração, como bebidas e produtos embalados a vácuo.
Em sistemas biológicos, os antioxidantes também podem atuar por meio da modulação da expressão gênica, estimulando a produção de enzimas antioxidantes naturais do organismo, como a glutationa peroxidase, a catalase e a superóxido dismutase (SOD). Essas enzimas desempenham papel essencial na neutralização de espécies reativas de oxigênio e na prevenção do estresse oxidativo, contribuindo para a proteção das células e, no caso dos alimentos, para a manutenção de compostos bioativos que poderiam ser degradados pelo excesso de oxidação. Esse mecanismo é particularmente relevante para antioxidantes de origem natural, como os polifenóis, que podem ativar vias metabólicas protetoras nas células.
Os antioxidantes também apresentam efeito sinérgico quando utilizados em combinação. Diferentes antioxidantes podem potencializar os efeitos uns dos outros, resultando em uma proteção mais eficaz do que quando utilizados isoladamente. Um exemplo é a associação de vitamina C, vitamina E e polifenóis em formulações alimentícias para criar um sistema antioxidante mais eficiente, pois cada um desses compostos atua em diferentes fases da oxidação. Além disso, antioxidantes hidrossolúveis e lipossolúveis podem trabalhar em conjunto para proteger tanto as fases aquosas quanto as fases lipídicas dos alimentos.
Outro mecanismo adicional é a interferência na propagação da peroxidação lipídica, em que alguns antioxidantes são capazes de interromper reações secundárias da oxidação, impedindo a degradação de proteínas e carboidratos que poderiam ser afetados indiretamente pelo processo oxidativo. A peroxidação lipídica gera produtos secundários que podem reagir com outras macromoléculas, levando a alterações na textura, no sabor e no valor nutricional dos alimentos. Antioxidantes como os flavonoides e os tocoferóis são capazes de interagir com esses produtos intermediários, estabilizando-os e impedindo que causem mais danos.
Inovações em tecnologias e aplicações
A busca por maior shelf life sem comprometer a qualidade e a segurança tem impulsionado inovações no uso de antioxidantes na indústria de alimentos e bebidas. Além de combater a oxidação, novas abordagens tecnológicas estão otimizando a eficácia desses compostos e ampliando as suas aplicações.
Uma das tendências mais promissoras é a encapsulação de antioxidantes, que tem se destacado como uma tecnologia essencial para potencializar a estabilidade e eficácia desses compostos em alimentos e bebidas. Além de proteger contra a degradação prematura, essa abordagem permite liberação controlada e maior biodisponibilidade, ampliando as possibilidades de formulação na indústria.
Entre os diferentes métodos que vêm sendo utilizados para encapsular antioxidantes, a nanoencapsulação lipídica e a encapsulação por complexação com polímeros naturais se destacam.
Baseada em nanopartículas lipídicas sólidas ou lipossomas, a nanoencapsulação lipídica melhora a solubilidade e a absorção de antioxidantes hidrofóbicos, sendo especialmente útil para aplicações em bebidas funcionais e produtos lácteos. Já a encapsulação por complexação com polímeros naturais utiliza ingredientes como proteínas e polissacarídeos para formar matrizes protetoras, permitindo liberação gradual em alimentos processados e snacks.
O mercado também tem avançado no desenvolvimento de antioxidantes naturais mais potentes. Extratos botânicos ricos em compostos fenólicos, como alecrim, chá verde e uva, estão sendo reformulados para oferecer maior solubilidade e resistência térmica, viabilizando o seu uso em matrizes complexas como óleos vegetais e produtos assados.
A busca por antioxidantes naturais mais eficazes também tem levado a indústria de alimentos e bebidas a explorar sinergias entre diferentes compostos bioativos; ao invés de atuarem isoladamente, antioxidantes combinados podem oferecer uma proteção mais robusta contra a oxidação, preservando melhor os atributos sensoriais e nutricionais dos produtos. A sinergia ocorre quando dois ou mais antioxidantes interagem para reforçar sua capacidade de neutralizar radicais livres e inibir processos oxidativos. Esse efeito potencializado é observado, por exemplo, na combinação de tocoferóis com polifenóis, onde os polifenóis regeneram os tocoferóis oxidados, prolongando sua ação protetora.
Diferentes antioxidantes naturais vêm sendo estudados e aplicados de forma combinada para otimizar a sua eficácia em diversas matrizes alimentares, como por exemplo, tocoferóis e extrato de alecrim, utilizados frequentemente em óleos e gorduras para retardar a rancificação, sem comprometer sabor e aroma; ácido ascórbico e flavonoides cítricos, cuja combinação aumenta a estabilidade antioxidante em bebidas funcionais e sucos naturais, protegendo contra a degradação da cor e do sabor; catequinas do chá verde e antocianinas de frutas vermelhas, uma sinergia que fortalece a capacidade antioxidante de produtos lácteos e snacks saudáveis, prolongando a sua qualidade; e astaxantina e curcumina, que, juntas, oferecem proteção antioxidante ampliada em suplementos e produtos plant-based, com benefícios adicionais à saúde.
A biotecnologia é outra abordagem que tem desempenhado papel fundamental na produção de antioxidantes mais funcionais. Processos fermentativos permitem a obtenção de compostos como resveratrol e astaxantina de forma mais pura e concentrada, reduzindo a necessidade de extração química. A modificação enzimática também vem sendo utilizada para melhorar a estabilidade e eficácia desses compostos em formulações industriais.
Com relação a novas aplicações, setores como o de bebidas vegetais e snacks ricos em lipídios já adotam antioxidantes inovadores para minimizar a degradação oxidativa e preservar atributos sensoriais por mais tempo. No segmento de proteínas alternativas, os antioxidantes vêm sendo usados para reduzir sabores indesejáveis e prolongar a vida útil, sem impactar o perfil clean label. Já no mercado de lácteos e produtos cárneos processados, novos blends antioxidantes estão otimizando a retenção de cor e frescor, substituindo parcialmente aditivos sintéticos.
Tecnologias emergentes, como a extração verde por CO2 supercrítico e o uso de compostos bioativos obtidos por fermentação de precisão, estão expandindo ainda mais as possibilidades para extensão do shelf life, garantindo alimentos e bebidas mais estáveis, seguros e alinhados às novas exigências do mercado.
Regulamentação e limites de uso
O uso de antioxidantes na indústria de alimentos e bebidas é regulado no Brasil por uma série de normas que visam garantir a segurança e a qualidade dos produtos consumidos. A principal normativa é a Resolução RDC 18/2010, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que aprova o Regulamento Técnico sobre aditivos alimentares. Essa normativa define os antioxidantes como aditivos que ajudam a preservar a qualidade dos alimentos, prevenindo a deterioração causada pela oxidação. A lista de antioxidantes permitidos é abrangente e inclui tanto substâncias sintéticas quanto naturais, que devem ser utilizadas dentro dos limites estabelecidos para cada tipo de produto.
Alguns dos antioxidantes sintéticos mais comuns permitidos pela ANVISA incluem o BHA, BHT, TBHG e propil galato, com um limite de uso de 0,02% do peso do produto final.
A legislação brasileira permite o uso de antioxidantes naturais, embora a regulamentação sobre limites de dosagem ainda seja mais flexível, com base em estudos de segurança e eficiência. O ácido ascórbico (vitamina C), por exemplo, não apresenta limites restritivos de uso, pois também é considerado um nutriente essencial. No entanto, a ANVISA recomenda uma dosagem que não ultrapasse 300mg por porção diária, para evitar excessos.
Também não há limites rígidos de dosagem para os tocoferóis (vitamina E), desde que a ingestão diária não ultrapasse os níveis seguros para consumo. A dose diária recomendada para a ingestão de vitamina E é de até 15mg por dia, conforme os parâmetros de saúde. Já para os extratos de alecrim e chá verde, a ANVISA permite seu uso, mas os limites de dosagem são ajustados conforme as características do extrato e sua aplicação específica.
No caso de outros antioxidantes naturais, como os carotenoides (betacaroteno, luteína, zeaxantina) e ácido ferúlico, a ANVISA não estabelece limites rígidos de uso. Contudo, é importante que a sua utilização seja realizada de maneira controlada, considerando as características do alimento e as recomendações gerais para garantir a segurança do consumo.
Globalmente, a regulação sobre o uso de antioxidantes é variável, refletindo as diferentes abordagens de segurança alimentar adotadas por países e regiões. Na União Europeia, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) estabelece limites específicos para cada antioxidante aprovado, levando em consideração tanto a função quanto os níveis seguros de consumo. Já nos Estados Unidos, a FDA adota uma abordagem mais flexível, permitindo o uso de antioxidantes com base em avaliações de segurança científica, mas com limites bem definidos, como no caso do TBHQ e BHA.
Em muitos países, há uma tendência crescente de priorizar os antioxidantes naturais, com regulamentações mais flexíveis, mas ainda assim, baseadas em critérios rigorosos de segurança e eficácia. A OMS e outras entidades internacionais também promovem diretrizes para o uso desses aditivos, incentivando a pesquisa contínua sobre os efeitos a longo prazo e a interação com outros ingredientes.
Ampliando o shelf life com foco na segurança alimentar
A crescente demanda por alimentos com menos aditivos artificiais tem impulsionado o desenvolvimento de soluções inovadoras na extensão do shelf life. Nesse cenário, a GreenLife Solutions se destaca ao oferecer ingredientes naturais que não apenas mantém as características organolépticas e ampliam o shelf life, mas também proporcionam aumento significativo da segurança alimentar.
“A segurança alimentar é uma prioridade para nós; nossas soluções são projetadas para oferecer proteção eficiente, sem comprometer a qualidade dos produtos”, afirma Bruno Romano, Diretor Comercial da GreenLife Solutions.

Bruno Romano, Diretor Comercial da GreenLife Solutions













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